A DAMA DE COPAS INVERTIDA

Link do video: https://www.youtube.com/watch?v=SInnttC-gdo&t=16s

Quando, no dia 1 de Janeiro de 2019, a Primeira-dama, Michelle Bolsonaro, quebrando o protocolo, discursando antes do marido em solenidade de posse e agradeceu a 'solidariedade' dos brasileiros e disse que iria trabalhar para ajudar os deficientes, grande parte do Brasil vibrou!  

Era sabido que Michelle, nessa altura,  era engajada em causas de pessoas com deficiência. Ela fazia parte do Ministério de Surdos e Mudos da Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde atuava como intérprete de Libras nos cultos dos domingos.   

Michele fez questão de discursar em Libras e uma intérprete leu o texto do pronunciamento. Michelle disse que a comunidade surda e as pessoas com deficiência seriam valorizadas. As duas se emocionaram e choraram durante a cêrimonia e com elas grande parte do povo brasileiro também se emocionou... confesso que, na altura, me deixou bastante impressionado!   

Não vou aqui falar de fofoca; de alegado envolvimento da primeira-dama nas rachadinhas no caso dos cheques; ou de mensagens do cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti, obtidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID e que alegadamente envolviam Michelle Bolsonaro na negociação de vacinas superfaturadas da Davati; e muito menos no suposto caso extraconjugal da primeira-dama com Osmar Terra.    

Neste blog se fala exclusivamente de política brasileira e de relações externas do Brasil, para quem quer fofoca (o que é legitimo, devo admitir) recomendo que consultem antes as redes sociais da Antónia Fontenelle ou do Leo Dias.   

Hoje, irei falar do programa “Pátria Voluntária” que, segundo a definição contida no próprio site (cujo link deixo em baixo) “para incentivar o engajamento e a participação dos brasileiros em atividades voluntariado, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, conhecido como “Pátria Voluntária”, por meio do Decreto n.º 9.906, de 9 de julho de 2019 (...) coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, orientado por um Conselho presidido pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro (...)”.   

Ainda tenho bem presente quando o já presidente Jair Bolsonaro, em Abril de 2019, disse que o limite de captação de recursos pela Lei Rouanet seria reduzido de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão por projeto. Bolsonaro classificara a legislação - uma das principais formas de incentivo à cultura nacional - como uma "desgraça" usada para cooptar defensores de governos passados.   

Ainda bem que se elegeu um Presidente assim ou deveria dizer antes uma Família Presidencial?   

Porque, em abono da verdade, nem eu nem ninguém, votou no 01, no 02 ou no 03 para Família Presidencial?!

Essa figura, aliás, não tem qualquer enquadramento na Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.   

Tirando o caso do Donald Trump (que nem para os EUA foi um grande exemplo disso, bastará para tanto recordar as circunstâncias que envolveram a vergonhosa invasão do Capitólio dos Estados Unidos, ocorrida em 6 de janeiro de 2021, ou então a recusa pela primeira vez ocorrida na história estadunidense de um candidato se recusar a reconhecer a sua derrota eleitoral) não se conhece no Ocidente, em mais nenhum país dito democrático, um regime tão descaradamente nepotista quanto o brasileiro. Uma vergonha!   

Quando o presidente cogitou o nome de um determinado deputado federal para o cargo de embaixador nos EUA baseado no fato desse deputado ter declarado que “já fritei hambúrguer nos EUA", dái ele se achar capaz de ser embaixador em Washington D.C. percebemos o estado de demência a que o Brasil chegou e o porquê de termos tido 660K mortos por Covid-19...   

Antes que um daqueles “Alecrins Dourados” me venha chamar de “esquerdopata” pela enésima vez, a mim que sou de direita, desafio-o a me mostrar qual é a disposição constitucional que dá respaldo à existência de um “primeiro-primeiro-filho”, de um “primeiro-segundo-filho”, ou mesmo de um “primeiro-terceiro-filho”? Já para não falarmos de “primeiros-grandes-astrólogos-filósofos-cartomantes-gurus” (entretanto já falecidos)...    

Ninguém votou no Senador Sérgio Bolsonaro, no Deputado Eduardo Bolsonaro ou no Vereador Carlos Bolsonaro para serem (ou mais grave, para acharem que são) umas espécies de “Presidentes da República Sombra”. É só confrangedor e patético...    

Para V/ facilitar a consulta aos tais “Alecrins Dourados” eis aqui o texto Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, no site do Governo Federal: 

Mas, chega de divagação e falemos do tema de hoje, o programa “Pátria Voluntária”. Apesar das informações enviadas pela Casa Civil e pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência para o “Estadão, em maio de 2020, dizendo que o programa “Pátria Voluntária”, coordenado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, distribuía pouco mais de 27 mil cestas básicas e 38,5 mil quilos de alimentos desde que foi criado, em julho de 2019, após o mesmo “Estadão” revelar que o programa praticamente não recebia novas doações desde julho do ano anterior a realidade se vem a revelar bem pior que isso!   

Dados do próprio governo federal mostram que o Programa “Pátria Voluntária”, da primeira-dama Michelle Bolsonaro, gastou até Abril de 2021 mais com propaganda do que destinou a doações. Até março desse ano (2021), o governo empregou R$ 9,3 milhões para divulgar o “Pátria Voluntária”.    

Foram R$ 9,039 milhões em publicidade e mais R$ 359 mil para manter no ar o site do programa.    

Já as doações feitas por empresas privadas e pessoas físicas que o programa repassou às entidades que atendem pessoas carentes estão em R$ 5,89 milhões. A maior parte foi transformada em cestas básicas.   

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/patria-voluntaria-gastou-mais-do-que-arrecadou/ 10/4/22   

Já antes, em outubro de 2010, Parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados, em plena pandemia de Covid-19 que haveria de custra a vida a 661.475 brasileiros (fonte: https://coronavirus.jhu.edu/map.html 10/04/22) haviam articulado uma investigação contra a primeira-dama Michelle Bolsonaro, por conta de uma doação de R$ 7,5 milhões originalmente destinada a compra de testes rápidos da Covid-19 mas que acabou sendo repassada e utilizada pelo programa "Pátria Voluntária". O tema foi manchete no jornal “Folha de São Paulo” do dia 1 de Outubro de 2021.   

A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. A frase representou o pensamento de Júlio César, ditador absoluto ou pretor máximo romano, em relação a sua mulher Pompeia, no ano de 63 antes de Nosso Senhor Jesus Cristo. Duvido muito que Jair Messias Bolsonaro saiba sequer quem Júlio César foi, quanto mais se preocupar com a honestidade de sua mulher Michelle...