Link do novo vídeo: https://youtu.be/q4MQh07mw2Q
O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, afirmou ontem, em São Paulo, na feira de supermercados Apas Show, que no início de sua gestão, foi permanentemente chantageado por um “parlamentar gordinho” em seu gabinete no Palácio do Planalto, declarando que esse tal parlamentar haveria dito que as pautas de interesse do governo federal só seriam aprovadas caso ele liberasse ministérios. Ora, o Presidente da Câmara dos Deputados, entre julho de 2016 e fevereiro de 2021, foi o Deputado Federal Rodrigo Maia (PSDB/RJ)...
Ter um Presidente da República que chama de “gordinho” ao ex-Presidente da Câmara dos Deputados demonstra bem a falta de respeito institucional que este senhor tem pelos demais Órgãos de Soberania, neste caso com legitimidade idêntica à sua já que os seus titulares, neste contexto os Deputados e os Senadores, também eles foram eleitos por sufrágio universal dos brasileiros.
Mas, infelizmente, Jair Messias Bolsonaro já nos habituou às suas grosserias e a fazer o Brasil constantemente passar vexame. É um presidente com “p” minúsculo, sem o mínimo sentido de Estado.
Afirmou, ainda neste evento, que “Por Deus que está no céu, nunca serei preso” ao mencionar também que passa mais da metade de seu tempo “se virando contra processos”. Um dado curioso, porque não é usual em países democráticos “prender” presidentes quando cessam seus mandatos... a não ser que tenham praticado atos ilícitos!?
Eu me questiono o que será que está perturbando assim tanto a consciência de Jair Messias Bolsonaro se, como ele afirma, “governou tão bem o Brasil” depois de 1 de janeiro 2019?
Será a morte de 660k brasileiros, vítimas de covid-19? Será a desastrosa política externa em que “rasgou” o acordo de livre comercio entre a Mercosul e a União Europeia? O boicote à importação de produtos brasileiros por causa dos seus insultos machistas à mulher do presidente francês, Emmanuel Macron (mas, depois intolerável mesmo, para os bolsominions na ALESP, foi o pronunciamento do Arthur do Val “Mamãe Falei” em relação às mulheres ucranianas)? Ou o desmatamento da Amazónia e o total desrespeito pelos direitos dos povos indígenas brasileiros?
Não admira, pois, que após mais um daqueles seus pronunciamentos em “lives”, onde às vezes até sanfona tem (que saudades que eu tenho das conferências lúcidas e inteligentes do General Rêgo Barros, ex-porta-voz da Presidência da República), em que disse "Forças Armadas não estão se metendo nas eleições", um dos mais influentes aliados do Presidente Bolsonaro, o Grupo Jovem Pan, tenha resolvido, no passado dia 14 de maio, se demarcar e afirmar através de Editorial que "Não há espaço para descredibilizar o processo eleitoral com falácias".
Eis aqui na integra o Editorial do Grupo Jovem Pan, de 14 de maio pp.
“Estamos nos aproximando de mais uma eleição. Um período em que reafirmamos nosso compromisso com a democracia e com o fortalecimento de nossas instituições. Não há espaço para cortinas de fumaça que tiram o foco do debate público sobre os temas de real interesse. Não há espaço para descredibilizar o processo eleitoral com falácias. Acreditamos em nossas Instituições e no respeito entre os Poderes para que cada um cumpra autonomamente com o seu dever constitucional, sem interesses particulares, ou sucumbiremos enquanto nação. E nós não queremos isso. O compromisso daqueles que ocupam cargos públicos ou que almejam ocupá-los após as eleições deste ano deve ser o de defender o Estado Democrático de Direito, a independência entre os Poderes e o de respeitar as Instituições. Qualquer manifestação contrária a esses princípios não tem e não terá apoio do Grupo Jovem Pan.
Ao longo de 80 anos, a Jovem Pan se pautou por esses princípios e tem um compromisso inegociável com os interesses do país, com a defesa da democracia, com as liberdades de expressão e de imprensa. Somos contra a incitação à violência, porque o caminho para o crescimento econômico precisa de estabilidade, não de turbulências. Temos inimigos reais que precisam ser combatidos com ações efetivas, e não com discursos falaciosos, que incitam grupos políticos e ideológicos, mas que não entregam resultados efetivos para o povo que quer trabalho, saúde, segurança, educação e prosperidade.
Nossos microfones vão continuar mostrando os fatos, ouvindo as versões e ajudando nossa audiência — no rádio, na televisão e na internet — a formar opinião sobre os temas de interesse nacional. Todos aqueles que estão dispostos a discutir os caminhos do país têm espaço em nossos jornais e programas. A premissa para ocupar esse espaço é o respeito. Nossos jornalistas e comentaristas gozam de total liberdade para emitir opiniões e encontrando na ética profissional e nas leis os limites para que essas opiniões sejam emitidas. Contemplamos os mais diversos espectros políticos e ideológicos, bem como as mais distintas visões de mundo em nossos quadros. Essa pluralidade revela nosso compromisso com o debate público e com a liberdade de expressão. Mas é preciso reiterar: jornalistas, comentaristas e convidados não refletem a posição do Grupo Jovem Pan enquanto instituição.”
Penso, pois, que o Emílio Surita, o Augusto Nunes, o Adrilles Jorge e o Caio Coppolla (os dois primeiros ainda colaboradores e os outros dois já não) terão de procurar outro meio de comunicação, cada vez mais escassos no Brasil, para defender o pré-candidato Bolsonaro à eleições de Outubro.
Como dizia um grande e sapiente Amigo meu, entretanto falecido, “a tolerância tem por limite a estupidez”...