A última das coisas que aqui pretendo, neste blogue, é vir dizer: “eu bem que tinha dito” ou muito menos “eu bem que avisei”...
Contudo, a 3 de Maio de 2022, quando escrevi esta crónica aqui e fui alvo de humilhação, de ofensa e de injúria; minha família foi xingada, nos mandaram retornar a Portugal, a mim que sou cidadão brasileiro nato. Até onde pode ir o preconceito e o ódio...
Não irei hoje falar, ainda, das investigações que estão decorrendo sobre o “Dia da Vergonha” de 8 de janeiro de 2022, em Brasília (DF), mas obviamente que é um assunto ao qual voltarei em breve.
Hoje, irei abordar a tragédia que fez com que o Ministério da Saúde do Brasil declarasse emergência médica no território Yanomami, a maior reserva indígena do país junto à fronteira com a Venezuela, após relatos de crianças morrendo de desnutrição e de outras doenças causadas pela mineração ilegal de ouro.
Um decreto publicado na sexta-feira pelo novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o objetivo da declaração era restaurar os serviços de saúde para o povo Yanomami que havia sido desmantelado por seu antecessor Jair Bolsonaro.
Em quatro anos da presidência de Bolsonaro, 570 crianças Yanomami morreram de doenças curáveis, principalmente desnutrição, mas também malária, diarreia e mal formações causadas por mercúrio usado por garimpeiros selvagens, informou a plataforma de jornalismo amazônica Sumauma.
O Presidente Lula visitou um centro de saúde Yanomami em Boa Vista, no estado de Roraima, no sábado passado, dia 21 de janeiro, após a publicação de fotos mostrando crianças e idosos tão magros que suas costelas eram visíveis.
“Mais do que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio: um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento”, escreveu Lula na sua conta de Twitter.
O governo anunciou pacotes de alimentos que serão levados para a reserva onde cerca de 26.000 Yanomamis vivem em uma região de floresta tropical e savana tropical do tamanho aproximadamente da Terrinha.
A reserva é invadida por garimpeiros ilegais há décadas, mas as incursões se multiplicaram desde que Bolsonaro assumiu o cargo, em 2019, prometendo permitir a mineração em terras anteriormente protegidas e se oferecendo para legalizar a mineração selvagem.
Também há indícios de envolvimento do crime organizado. Em recentes incidentes violentos, homens em lanchas nos rios atirarando com armas automáticas em aldeias indígenas cujas comunidades se opõem à entrada de garimpeiros.
Alguns garimpeiros começaram a sair, temendo as operações de fiscalização do governo Lula, e parecem estar cruzando a fronteira para os vizinhos Guiana e Suriname, disse Estevão Senra, pesquisador do Instituto Socio ambiental, uma ONG que defende os direitos dos povos indígenas.
O Presidente Lula disse que o novo governo porá fim à mineração ilegal de ouro enquanto se move para reprimir o desmatamento iegal na Amazônia, que subiu para uma alta de 15 anos sob a governação Bolsonarista.
"Devemos responsabilizar o governo anterior por permitir que essa situação piorasse a ponto de encontrarmos adultos pesando como crianças e crianças reduzidas a pele e ossos", disse Sonia Guajajara, a primeira mulher indígena a ocupar o cargo de ministra, à frente do novo Ministério de Assuntos Indígenas.
Da minha parte, acho que nós brasileiros temos muita facilidade em responsabilizar outros, nomeadamente os bandeirantes como Fernão Dias Pais, Manuel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Veiga, Domingos Jorge Velho ou Manuel Preto, por aquilo de mal que aconteceu há 400 ou 500 anos.
Mas, depois, são os próprios brasileiros que praticam hoje o genocídio, qual nazistas em campo de concentração de Auschwitz, Treblinka ou Sobibor da Segunda Guerra Mundial, matando povos indígenas e como se isso não bastasse o Congresso Nacional, em Brasília (DF) queria alterar as proteções dos povos indígenas que se encontram consagradas na Constituição brasileira de 1988.
É verdade que sou de direita, mas, acima de tudo, sou um humanista e um católico!