Para quem, em Junho de 2020, afirmava que "não acho que a pandemia deixará um grande legado" o Professor Luiz Felipe Pondé, apesar do seu doutorado em Filosofia Moderna pela USP e de um pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv, não seria a minha escolha para fazer futurologia, uma vez que, em minha opinião, os 620,000 brasileiros mortos por Covid-19 deixam um triste e pesado legado na memória coletiva brasileira.
Qual não é meu espanto quando, na passada segunda-feira, dia 21 de Março, na qualidade de convidado da bancada do Jornal da Cultura o filósofo e Professor Doutor Luiz Felipe Pondé ao analisar como o racismo estrutural brasileiro é refletido no dia a dia, afirma: "o racismo se alimenta de uma indiferença crônica que as pessoas têm por tudo” e continuou “e vale lembrar, agora na Europa (já está muito claro) que os europeus estão recebendo os ucranianos bem melhor do que recebem africanos e sírios e isto apesar da Europa posar que é super a favor e tal (...)”
Fiquei espantado, porque, com o devido respeito pelo meu estimado Colega da USP, nada pode estar mais longe da realidade. Mas, como já dizia minha Vó Ana “Menino, opinião é igual a bunda, cada um tem a sua!”
Num mundo ideal, sem racismo, como aquele que o Professor Pondé e eu aspiramos vir a ter um dia, seria também excelente que não tivesse corrupção em países africanos ricos, com petróleo e com diamantes, como é por exemplo o caso de Angola, mas infelizmente tem!
Seria ótimo que não recaíssem suspeitas de corrupção, como aparentemente recaem, sobre ex-governantes angolanos como o Manuel Vicente, a Isabel dos Santos, o Dino, o Kopelipa, o Ernesto Guerra Pires, o José Manuel Felipe, o Augusto Archer Mangueira mas recaem, enquanto o povo continua a viver miseravelmente, pouco acima do limiar da pobreza e a abastecer-se num mercado de rua chamado de "Roque Santeiro"... e que não venham com a desculpa, por favor, que a culpa ainda é do colonizador português! Talvez um pouco mais de vergonha na cara e um pouco menos de contas em dólares e euros na Suíça não fizessem mal a muita gente ai...
O ideal seria que não houvessem Senhores da Guerra e Ditadores em África que originam, todos os dias, redes mafiosas de tráfico que lucram com os milhares de migrantes sub-saarianos que pagam "aquilo que tem e o que não tem", para desesperadamente atingir o “paraíso europeu” e acabam, desgraçadamente, a fazer do Mar Mediterrâneo as suas sepulturas morrendo nele afogados.
Isso o Professor Pondé, seguramente, por lapso, se esqueceu de dizer...
A União Europeia não pode ser (nem será) um enorme campo de refugiados! Irá ser sempre solidária e prestará sempre apoio humanitário a quem dele precisar.
Mas, se o Professor Pondé quiser eu posso dar para ele o telefone de algumas ONG’s e ele receberá, em sua casa, uns quantos sírios e um sem número de africanos, já que parece estar tão preocupado com o futuro dessa pobre gente...
O racismo é - e continua a ser - infelizmente, um problema estrutural nas sociedades atuais. Mas, depois temos os líderes dos movimentos negros, como o ator Will Smith, dando tapa num outro ator negro, em direto na TV, perante milhões de pessoas que estavam assistindo ao programa da Cerimônia dos Óscares, após organizar manifestações de milhares contra a “violência racial” e depois de já ter boicotado essa mesma Cerimônia, em 2016, dizendo que “nesse ano não havia nenhum candidato a melhor ator negro”, ou seja, o talento agora também tem que ter cota racial... cara coerente este, não é mesmo?
Eu, apesar de não ter um curriculum vitae comparável ao do Professor Doutor Luiz Felipe Condé, já que ele cursou filosofia na Universidade de São Paulo (USP), tendo feito doutorado pela mesma instituição e mestrado pela Universidade de Paris. Realizando depois pós-doutorado na Universidade de Tel Aviv, em Israel. Atualmente, é vice-diretor e coordenador de curso na Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). É também professor de Ciências da religião na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e de filosofia na FAAP, mas se esqueceu de dizer o mais simples e o mais óbvio:
Se existem refugiados ucranianos procurando refúgio na União Europeia é porque a Rússia, ao arrepio do direito internacional, invadiu o seu país...
Agora o mais grave; só Jair Messias Bolsonaro, Presidente da República Federativa do Brasil, Nicolás Maduro Moros, Presidente da República Bolivariana de Venezuela, Kim Jong-um, Lider Supremo da República Popular Democrática da Coreia e Aleksandr Lukashenko, Presidente da República da Belarus, é que estão apoiando este ato de agressão contra um país vizinho (que já provocou milhares de mortos e milhões de refugiados) por parte do líder da Federação Russa, Vladimir Putin... para variar, desde 2019, o "Brasil na contramão do resto do mundo."
Já o escrevi e volto a repetir quantas vezes forem necessárias, durante os 20 anos (2001-2021) que durou a intervenção militar ocidental no Afeganistão, mal ou bem, Portugal, um país de 10M de habitantes, fez deslocar para o Afeganistão um efetivo de cerca de 4.500 (quatro mil e quinhentos) militares portugueses, numa missão classificada pela OTAN com grau de ameaça "alto" para proteger mulheres e crianças afegãs dos talibãs.
Alguns desses soldados lusos lamentavelmente perderam suas vidas e muitos ficaram feridos no decurso desta perigosa missão, que para alguns de nós não passou mais do que mera conversa de boteco, entre dois chopes, ou de opinião de académico dada para bancada do Jornal da Cultura!
Já o Brasil mandou 0 (zero) tropas para o Afeganistão, ainda que, no passado dia 10 de Agosto pp, tenha feito desfilar pela Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), diante o presidente Bolsonaro, acompanhado do ministro Walter Braga Netto (Defesa), do Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos (Marinha), do General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército) e do Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) um comboio de Carros de Combate Leves Sobre Lagartas (CCLSL) austríacos SK-105A2S Kürassier, os quais pela fumaça que largavam, bloquearam o campo de visão perto do Palácio do Planalto, o que constrangeu parte da Força e virou meme nas redes sociais...
Muito provavelmente devido ao fato do Governo Federal, em 2020, ter gastado R$ 15 milhões em leite condensado e R$ 2,2 milhões em chiclete, tenho que admitir que fiquei impressionado com o aparato bélico...
Agora, para mim, de longe, o mais confrangedor, para não dizer humilhante (porque eu não me esqueço), foi quando, no dia 31 de Agosto de 2021, as tropas estado-unidenses saíram à pressa Cabul, abandonando tudo e todos - incluindo as tropas aliadas que ainda estavam no terreno. Nesse dia, o resto do mundo perdeu o respeito que (ainda) tinha pelos Estados Unidos da América!
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-5825461501/04/22
NB: Enquanto isso, um bombeiro (civil) português - obviamente desarmado - em Cabul, aguardava "calmamente" para abandonar o Afeganistão...
Fonte: https://sol.sapo.pt/artigo/743898/bombeiro-portugu-s-em-cabul-devera-deixar-territorio-afegao-em-breve 01/04/22
Concluindo, por vezes é muito fácil opinar sobre o que se passa na “casa dos outros” quando não sabemos realmente o que se passa por lá, mas quando querem vir “mandar na nossa casa”, como foi o caso do Macron e da Amazónia, aí o francês entrou de cano... e muito bem!
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