FEMINISTAS Q.B.

A Alta-Comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, afirmou que tem vindo a receber inúmeros relatos de violações graves cometidas pelos Taliban no Afeganistão, incluindo execuções sumárias de civis, restrições à liberdade das mulheres e protestos.  

Agora, restringindo esta análise à condição da mulher, o que verificamos é que os Talibans, desde que regressaram ao poder, a 15 de Agosto de 2021, estão a cometer graves violações dos direitos humanos contra as mulheres e as jovens, obrigando-as ao uso da burka, afastando-as da vida pública, negando-lhes educação, emprego e vida social. Mais, tem vindo a dificultar às mulheres afegãs a obtenção de cuidados de saúde, tornando-as completamente dependentes dos membros da família do sexo masculino e impedindo-as de escapar caso sofram abusos em suas casas.   

(Fonte: https://www.amnistia.pt/peticao/mulheres-afegas/?fbclid=IwAR1NvscfymZEKLVAXk-r-9H2wYhVvL4KxRDSVYbhLdsAMuGMIo4r0e5dKQY 06/02/22)   

De recordar que nos anos 60 do século passado, o Afeganistão era um país em tudo equivalente aos do ocidente, em que mulheres também tinham praticamente os mesmos direitos dos homens. Bastará para tanto lembrar que antes da era Taliban (1996) as mulheres afegãs eram livres e representavam cerca de 70% dos professores no País; 50% dos funcionários públicos e universitários; e 15% do poder legislativo.   

dois dias o porta-voz do Ministério para a Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício, Sadeq Akif Muhajir, em declarações à Agência France Presse (AFP) anunciou que "as mulheres que viajem mais de 45 milhas [cerca de 72 quilómetros] não podem se deslocar se não forem acompanhadas por um parente próximo", especificando que esse "parente próximo" terá de ser obrigatoriamente um homem.   

O mundo está a assistir – passivamente –a um gigantesco retrocesso civilizacional, traduzido na retirada, ou melhor,  na anulação dos direitos da mulher no Afeganistão.    

Durante os 20 anos (2001-2021) que durou a intervenção militar ocidental no Afeganistão, mal ou bem, Portugal fez deslocar para o Afeganistão um efetivo de cerca de 4.500 (quatro mil e quinhentos) militares portugueses, numa missão classificada pela NATO com grau de ameaça "alto".    

o Brasil mandou 0 (zero) tropas para o Afeganistão, ainda que, no passado dia 10 de Agosto pp, tenha feito desfilar pela Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), diante o Presidente Bolsonaro, acompanhado do ministro Walter Braga Netto (Defesa), do Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos (Marinha), do General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército) e do Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) um comboio de Carros de Combate Leves Sobre Lagartas (CCLSL) austríacos SK-105A2S Kürassier, os quais pela fumaça que largavam, bloquearam o campo de visão perto do Palácio do Planalto, o que constrangeu parte da Força e virou meme nas redes sociais... 

Não sei se se deveu ao facto do Governo Federal, em 2020, ter gastado R$ 15 milhões em leite condensado e R$ 2,2 milhões em chiclete, mas confesso que fiquei impressionado com tamanho aparato bélico! 

Agora, para mim, de longe, o mais confrangedor é este silêncio ensurdecedor que as esquerdas brasileiras, particularmenteas feministas, manifestam! Preferem comemorar a vitória de Gabriel Boric como novo presidente do Chile, a se preocuparem com conceitos complicados como os de “sororidade”, “direitos das mulheres” ou simplesmente “direitos humanos” da mulher afegã!?   

Fico deveras desiludo que movimentos como o “Mexeu Com Uma Mexeu Com Todas” se tenham limitado, tão somente, a censurar os assédios do actor José Mayer e pouco mais...