Hoje, continuo prestando aqui homenagem a um daqueles que foi seguramente um dos maiores autores da literatura brasileira, sendo também considerado o maior poeta brasileiro do século XX, falo de Carlos Drummond de Andrade.
Nasceu no dia 31 de outubro de 1902, em Itabira do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais.
Se formou em Farmácia na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte, porém nunca exerceu a profissão.
Trabalhou como funcionário público durante grande parte de sua vida e se aposentou como Chefe de Seção, após 35 anos de serviço público.
Em 1982, já com 80 anos, recebeuo título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Drummond morre a 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro, com 85 anos, tendo integrado a segunda fase do modernismo brasileiro, sua produção literária reflete algumas características do uso da linguagem corrente, de temas do cotidiano e até reflexões políticas e sociais.
Seus poemas se centraram em questões que ainda se mantêm atuais: a rotina das grandes cidades, a solidão, a memória, a vida em sociedade e as relações humanas. Entre suas composições mais famosas eu destacaria a "No meio do caminho".
Uma triste analogia que eu, infelizmente, transporto facilmente para o dia a dia da maioria dos brasileiros.
“No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”
Este é, provavelmente, o poema mais célebre de Drummond de Andrade, pelo seu caráter singular e temática fora do comum porque para mim, e porque simboliza os obstáculos constantes com que diariamente todos nós, brasileiros, nos vemos obrigados a superar em nossas vidas.
Apesar de já ter sido publicado, em 1928, na Revista da Antropofagia, "No Meio do Caminho" esta poesia expressa um cotidiano, que volvidos quase 100 anos, se mostra bem atual.
Se referindo Drummond às dificuldades com que o brasileiro enfrenta toda uma vida, simbolizados por uma pedra que se cruza em seu caminho e que adia o futuro melhor há tanto desejado, esta composição sofreu na altura duras críticas pela sua “repetição e redundância”.
Já eu acho que deveria sero brigatório, hoje, que a nossa classe política a estudasse!
Drummond certo dia escreveu que, nós brasileiros, quando não temos cuidado “Pagamos o débito do passado, endividando o futuro” ...