Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vYpMPfOqWe8
Todos nós, um pouco por todo o mundo, temos acompanhado a investigação relativa ao desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Neste caso, nos questionamos como é possível que, numa região tão fortemente militarizada as principais atividades econômicas locais sigam sendo o contrabando, o garimpo ilegal e o narcotráfico? Isto porque, convém destacar, a zona conta com as presenças ostensivas de uma Delegacia Geral de Polícia Civil, uma Delegacia da Polícia Federal, um batalhão de Polícia Militar do Amazonas – PMAM, um efetivo da Força Nacional do Brasil, um Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Tabatinga (DTCEA-TT), um Comando de Fronteira do Exército (8º Batalhão de Infantaria de Selva), uma Capitania dos Portos da Marinha do Brasil e uma unidade do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas!
Como é possível que o Estado brasileiro não cumpra seu papel e a fronteira ocidental do Brasil siga sendo terra de ninguém, como acontecia no tempo dos portugueses?
Não é de admirar, por isso, que o Relatório de 2022 do Global Peace Index coloque o Brasil na 127ª posição (apesar de tudo, subiu um lugar em relação ao ano passado) entre 163 países, 14 posições à frente de nações como a Ucrânia, que neste momento está em guerra com a Federação Russa, mas há muito que viviam situações de conflito armado nas regiões separatistas do Donbass.
O Brasil se classifica atrás de países como Angola (79), o Haiti (107) e Belarus (116). Tensões internas, como as raciais, excesso de violência policial, tiroteios nas escolas, e a pandemia também continua preocupam, faz com que os Estados Unidos fiquem numa modesta 121 posição.
Só a Venezuela, esse marco da democracia mundial, se encontra no 151º lugar!
No índice Global Peace 2022, Portugal ficou em 6º lugar, entre 163 países, caindo um lugar em relação ao ano passado, mas melhorando a sua pontuação. A Islândia continua a ser o país mais pacífico do mundo, posição que ocupa desde 2008. A ela junta-se no topo do índice a Nova Zelândia, Irlanda, Dinamarca e Áustria.
Portugal marcou 1,301 pontos, uma melhoria de 0,002 pontos em relação ao ano passado, com apenas 0,032 pontos a separarem-se do segundo classificado Nova Zelândia. A Islândia, primeira colocada, estava bem na frente.
Embora as posições mudem, as pontuações de Portugal têm sido bastante consistentes nos últimos cinco anos. (O GPI mede o nível de Paz Negativa de um país, portanto, quanto menor a pontuação, melhor).
A vizinha Espanha de Portugal está em 29º lugar, Reino Unido 34º, Itália 32º e França 65º. Apenas 12 países de 163 no índice estão no grupo mais pacífico do mundo. Na extremidade inferior estão a Síria, o Iêmen e o Afeganistão (163º lugar). Ucrânia na 153ª posição, caindo 17 lugares, mas será reajustada no próximo ano.
O mundo agora está menos pacífico do que era no início do índice em 2008. Desde então, o nível médio de paz do país se deteriorou em 3,2%. Deteriorações ano a ano na paz foram registradas em dez dos últimos 14 anos.
A queda na tranquilidade desde 2008 foi causada por uma ampla gama de fatores, incluindo:
• aumento de manifestações violentas;
• a intensificação dos conflitos no Oriente Médio, África e Rússia e Eurásia;
• crescentes tensões regionais na Europa e no Nordeste da Ásia;
• número crescente de refugiados;
• aumento dastensões políticas na Europa e nos EUA; e
• mais recentemente, impactos da pandemia de COVID-19.
O GPI abrange 163 países, compreendendo 99,7% da população mundial, usando 23 indicadores qualitativos e quantitativos de fontes altamente respeitadas e mede o estado de paz em três domínios: o nível de segurança e proteção social; a extensão do Conflito Doméstico e Internacional em Curso; e o grau de militarização.
O GPI mede o nível de paz negativa de um país usando três domínios de paz. O primeiro domínio, Conflito Doméstico e Internacional Contínuo, usa seis indicadores estatísticos para investigar até que ponto os países estão envolvidos em conflitos internos e externos, bem como seu papel e duração do envolvimento em conflitos.
O segundo domínio avalia o nível de harmonia ou discórdia dentro de uma nação; onze indicadores avaliam amplamente o que pode ser descrito como Segurança e Proteção Social. A afirmação é que baixas taxas de criminalidade, atividade terrorista mínima e manifestações violentas, relações harmoniosas com os países vizinhos, um cenário político estável e uma pequena proporção da população sendo deslocada internamente ou
refugiada podem ser equiparadas à paz.
Seis outros indicadores estão relacionadosà militarização de um país – refletindo a ligação entre o nível de desenvolvimento militar de um país e o acesso a armas e seu nível de paz, tanto nacional quanto internacionalmente.
Para mim mais preocupante não tanto como o mundo nos perceciona a nós, brasileiros, mas sim, nós já acharmos que a violência faz parte do nosso cotidiano e não sermos capaz de enxergar que não são os outros que não estão menos mal, mas sim nós que estamos menos bem.
A violência não é, nem nunca será o novo normal.