Eu, como seguramente entenderam, votei 00 (NULO) nos dois turnos.
Em Lula nunca poderia votar, por motivos óbvios. Eu sou de direita! Mas, para além da questão ideológica, pesava também a questão de consciência (muito importante para mim) porque sou advogado e sei o que é a figura da prescrição processual.
Também, nunca poderia votar em Bolsonaro e não vou repetir aqui tudo aquilo que andei escrevendo meses sem fim neste blogue. Foi, em meu entender, um dos piores presidentes que o Brasil já teve e que, se outra razão não houvesse, por ter sido negacionista, foi dos principais responsáveis pela morte de 680k brasileiros de Covid-19 ao ter desvalorizado o impacto da pandemia e por ter insistido na prevenção através da prescrição da cloroquina no tratamento da SARS-CoV-2. Isto já não esquecendo o fato da Pfizer ter enviado inúmeros e-mails ao governo federal oferecendo a vacina que ficaram todos sem resposta.
Mesmo assim, democraticamente, o Brasil escolheu e Lula da Silva foi eleito Presidente da República com 50,9% dos votos e herda um país profundamente dividido e um Congresso Nacional majoritariamente de direita.
Não vai ter um mandato fácil.
Mas, neste momento, a bem da nação brasileira, urge para já assegurar uma transição pacifica do governo Jair Bolsonaro para o (terceiro) governo Lula da Silva; fazer aprovar as medidas necessárias para viabilizar o seu primeiro orçamento ainda este ano; principalmente a PEC da transição, anunciada pela equipe de Lula depois do encontro com o relator do Orçamento da União de 2023 para bancar despesas consideradas "inadiáveis", como o Auxílio Brasil de R$ 600; relançar as relações exteriores, sobretudo com a União Europeia, com os Estados Unidos e com a China, por forma a fomentar as nossas exportações, criar postos de trabalho e aumentar a renda dos brasileiros.
Mas, para mim o mais importante de tudo, é que os partidos da oposição não tenham um papel de força de bloqueio só por vingança, mas sim de fiscalização para que não se cometam os mesmos erros do passado, como os do mensalão ou do petrolão.
No final, esta eleição foi mobilizadora e apaixonante, levando à intervenção de todos nós, brasileiros – mas no estrito cumprimento da cidadania. O que só prova que as Instituições brasileiras afirmaram o primado da democracia e deram ao mundo uma enorme prova de solidez e uma lição daquilo que é a nossa maturidade democrática.
A maioria dos comentadores internacionais antevia uma crise profunda, talvez, quem sabe, tumultos violentos e o exército nas ruas, qual “República das Bananas”...
Nada disso! Tudo se passou na maior tranquilidade, tirando um ou outro incidente, como seja o silêncio do presidente Bolsonaro nas primeiras 48h a seguir a se saber o resultado eleitoral, os três dias de bloqueios ilegais nas rodovias por vários estados no País e alguns incidentes esporádicos de violência.
Mas quem não?
O Brasil não teve nenhuma Invasão do Congresso Nacional como aquela que aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos, no dia 6 de janeiro de 2021, depois do presidente Donald Trump ter convocado seus apoiadores a se reunirem em Washington e os ter incitado.
O Brasil, também não teve três (3) premiês em apenas dois (2) meses como o Reino Unido...
Isto para não falar na violência sistemática nas ruas de França, dos coletes amarelos, na sua luta contra o Presidente Emmanuel Macron.
O Brasil dispensa aulas de democracia de quem quer que seja!
O Brasil é uma potência regional, faz parte do G12 e dos BRIC’s e está mais que na altura de assumir a sua candidatura a um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
É, por isso, a hora de olhar para o futuro e trabalharmos unidos para que a nação seja melhor, até porque como Vó Ana sempre me dizia, "Águas passadas não movem moinho”...