O NOVO QUINTO DOS INFERNOS 

Link do vídeo: https://youtu.be/EWqk19VJOQA

O Brasil tem o 16º maior custo de gasolina em relação ao salário médio entre os 100 países com maior rendimento do mundo. Mais, o brasileiro compromete cerca de 20% de sua média salarial para encher um tanque com o combustível....  

Quer no meio académico quer na Bolsa brasileira, tem existido um grande debate sobre a empresa de maior capitalização, a Petrobras. A companhia sofre com os três modelos de precificação de combustíveis que podem ser impostos a ela: o de paridade com mercado internacional, o por custeio de produção e margem e aquilo que alguns autores chamaram de “limite do populismo sustentável”.   

O assunto que sempre mais se discute é qual o modelo a utilizar para estabelecer o preço do combustível que a Petrobras, uma companhia de capital misto, deve ou não utilizar.   

Uma empresa considerada de capital misto apresenta a junção do público com o privado — ou seja, ela precisa servir ao capital investido pelo acionista privado sem deixar, contudo, de atender a sua finalidade social.   

O governo federal possui, via BNDES e União Federal, 34,6% das ações totais em circulação da Petrobras. A União Federal, naquilo que lhe respeita, controla a empresa com 50,3% das ações ordinárias, que dão direito ao voto e, ao governo, o controle acionista da petrolífera brasileira.   

Em 2016, durante a governação Dilma Rousseff, altura em que a liderança da Petrobras visou somente os interesses da população, isso  acarretou prejuízos bilionários e, logo, um gigantesco endividamento.   

Esse era um modelo não sustentável porque iria conduzir inexoravelmente á falência da empresa. Desse modo, nos últimos seis anos, a empresa adotou o modelo de paridade com os preços internacionais, maximizando os lucros e atendendo, sobretudo, aos interesses dos acionistas em prejuízo da população e isso se tem vindo a refletir no preço da gasolina que já passa dos R$ 8 em 11 estados do Brasil após um mega-aumento da Petrobras.   

NB: Para todos aqueles que acham que a política isolacionista do Presidente Bolsonaro tem resultados positivos, tem aqui uma demonstração que não tem! A atual guerra na Ucrânia tem gerado uma crise nos mercados internacionais, porque a Rússia, principal fornecedor de gás à União Europeia, como retaliação desta estar apoiando a Ucrânia no conflito, interrompeu o seu fornecimento de gás. Logo, os europeus tiveram que se virar para outras fontes energéticas, daí o petróleo. Em consequência funciona a lei da oferta e da procura; se tem mais procura, mais o preço aumenta... tão simples assim!   

De lá para cá, a Petrobras deixou de ser super-endividada e conseguiu, entre 2016 e 2021, se estabilizar novamente.   

Desde agosto de 2021, a Petrobras vem se tornando cada vez mais pagadora de dividendos, por meio de uma distribuição de 99,5 bilhões de reais nos últimos nove meses (R$ 7,62 por ação) e uma renda em dividendos de 22% no período.   

Embora muito dificilmente esse modelo possa continuar, devido à insatisfação da população brasileira com o elevado preço dos combustíveis, esse tipo de política que tanto agrada aos acionistas se esquece que a empresa é de capital misto e não atende à função social da Petrobras, o seja, que é fornecer combustíveis a preços acessíveis à população do nono maior produtor de petróleo do mundo: o Brasil.