Às 15h00 (GMT-3), de ontem, o site de notícias brasileiro “O Antagonista” deu uma notícia com o título “NYT lamenta morte de Brent Renaud, ex-colaborador do jornal.”
No teor da mesma, abreviando aqui, davam conta aos seus leitores/ouvintes o quanto a Administração, a Direção e a Redação do “The New York Times” lamentava a morte do ex-seu colaborador Brend Renaud, jornalista, cineasta e produtor estado-unidense que morreu, ontem, dia 13 de Março de 2022, aos 50 anos, depois de as tropas russas abrirem fogo contra o carro em que ele seguia na cidade de Irpin, nos arredores de Kiev, na Ucrãnia, quando fazia uma reportagem. O jornalista colombiano Juan Arredondo, que também ficou ferido e que foi transportado para um hospital local, referiu, em declarações aos jornalistas, que os tiros aconteceram depois de eles passarem por um posto de controlo enquanto filmavam refugiados a fugirem do combate. “O meu amigo Brent Reanud foi baleado no pescoço e deixado para trás e separámo-nos”, referiu, num vídeo que já está sendo partilhado pelas redes sociais.
Depois de ler a notícia, fui ler os comentários e deparei-me com autênticas “pérolas”, dignas de Machado de Assis ou de Carlos Drummond de Andrade. Eis algumas delas que aqui transcrevo (sic):
“Papa se solidariza com o povo da Ucrânia, o líder ortodoxo acha que a guerra é justa Estamos voltando ao passado matando em nome de Deus. Jesus pregou o amor a justiça o arrependimento.”
"Dêem a notícia correta. Ele foi jornalista do NYT até 2015 e não estava na Ucrânia a serviço do jornal embora foi encontrado no corpo dele uma credencial de 2015.”
"Está achando que cobrir guerra é cobrir jogo de futebol, pra quem está no campo de guerra, as balas e estilhaços não diferenciam quem é soldado, civil, jornalista ou socorrista.”
“Um jornalista branco atlantista morre = comoção total. Criança iemenita despedaçada por bombas = zzzzzzzz”
Fiquei de tal maneira estarrecido que, eu próprio, resolvi escrever um comentário de leitor. Ei-lo:
“A ligeireza da maioria dos comentários aqui escritos é absolutamente confrangedora! Primeiro, se uma pessoa não sabe o que dizer, o melhor então é ficar calada (neste caso não escrever nada) por forma a não passar vergonha! Segundo, para mim, tal como para o “The New York Times”, pelo menos, a morte de alguém é sempre algo a lamentar, sobretudo a de um jornalista e pouco me importa se era estado-unidense ou não. Era um ser humano morto numa guerra sem sentido. Terceiro, há quem misture pronunciamentos do Papa Francisco, Líder da Igreja Católica Apostólica Romana, com do Patriarca Ortodoxo Cirilo I de Moscou; ambos tem obviamente interpretações diferentes dos evangelhos, caso contrário não pertenceriam a correntes diferentes do cristianismo (uma Ocidental e outra Oriental). Quarto, aconselho vivamente, antes de comentarem e de emitirem opinião, PELO MENOS A LEREM A NOTÍCIA, para saberem do que é que se está a falar. Caso contrário só escrevem bobagem. Quinto, gostaria de enviar daqui, do site de notícias “O Antagonista”, os meus sinceros sentimentos à família e aos amigos do jornalista Brent Renaud, morto, hoje, por balas disparadas pelo exército russo enquanto trabalhava, cobrindo o conflito na Ucrânia, como grande repórter de guerra que era.”
Ora pois...
