RAPADURA É DOCE, MAS NÃO É MOLE 

Durante a XV Assembleia Geral da FILAC (Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe) que decorreu em Madri, na Espanha, Ricardo Rao, ex-funcionário da Funai 'autoexilado' em Madri por alegadamente estar sofrendo ameaças de morte, se dirigiu ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier e começou xingando ele.

“Este homem não pertence a este local. Não é digno de estar aqui. O Itamaraty é uma vergonha. O Itamaraty está sendo babá de miliciano. Marcelo Xavier é um miliciano. Este homem é um assassino. Este homem é responsável pela morte de Bruno Pereira (e) pela morte de Philips. Você é um miliciano, Xavier. Bandido. Vai embora mesmo, vai para fora”, gritava Ricardo Rao, se referindo ao jornalista Dom Phillips e ao indigenista Bruno Pereira, assassinados em junho deste ano.

Marcelo Xavier acabou por abandonar o evento internacional, após o ataque de que foi alvo e que questionava sua participação em uma reunião sobre a situação indígena no Brasil.

Recordo que Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no dia 5 de junho durante uma viagem pelo Vale do Javari, um dos maiores territórios indígenas do Brasil, no Oeste do Amazonas.

A dupla estava na região com o objetivo de entrevistar ribeirinhos e indígenas para a produção de um livro sobre a Amazônia.

Após serem mortos a tiros, Bruno Pereira e Dom Phillips tiveram os corpos queimados, esquartejados e enterrados.

Pergunto, quem encarregou Ricardo Rao para, em Espanha, armar baderna? Quem lhe disse a ele para decidir quem pode, ou não, assistir a evento internacional num país que nem é o dele? Quem lhe pediu para denegrir (uma vez mais) a imagem Internacional do Brasil; Quais as provas que Rao tem em seu poder para acusar um delegado da Polícia Federal de ser “miliciano” e “bandido”?

Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti.

Um princípio simples, que quando é aplicado, é um poderoso catalisador de relações pacificas capazes de gerar a harmonia e a paz.

Quando interpelamos com gritos a uma pessoa ou quando reagimos com raiva à presença de alguém, estamos a contribuir para um aumento de energias negativas à nossa volta e também para o universo. Não podemos esperar amor, se o que estamos a dar é raiva ou ódio.

A acção correcta para ajudar a resolver os problemas de outrem é perguntarmos o que precisam nesse momento ou o que gostaria que não acontecesse!

Tudo isso nos ajuda a ver o que não devemos fazer. Nos ajuda a dar o nosso melhor para oferecer algum alívio à(s) pessoa(s) e trazer paz para o nosso coração. Se cada um de nós aplicar esse conceito no nosso dia-a-dia estamos contribuindo para um mundo melhor.

“Não julgueis para que não sejais julgados.” (Mateus 7:1)

Depois nos admiramos que os gringos são preconceituosos connosco?! Europeu não está habituado a este tipo de “jeitinho brasileiro”...

Mais uma vez recordo as férias da minha infância passadas, no Rio de Janeiro, em casa da minha Vó Ana, quando ela dizia para mim: “Pode brincar sem fazer bagunça. A rapadura é doce, mas não é mole!”