No Relatório de 2021 da Global Peace Index, divulgado a 17 de junho de 2021 (o de 2022 ainda não foi publicado), entre os 163 Estados e territórios independentes que foram avaliados, os Estados Unidos da América foram classificados na 122ª posição como mais País seguro do Mundo...
E depois “gringo” que nunca veio ao Brasil fica falando da violência de nosso país...
Aparentemente, já toda a gente - menos eu - escreveu sobre o incidente do Will Smith ter dado um tapa no Chris Rock pelo fato deste, na cerimónia dos Óscares, ter feito piada com a alopecia, doença da qual padece Jada Pinkett Smith, ou seja sou sempre o último para variar...
Mesmo assim, mais vale tarde que nunca... eis, portanto, a minha opinião;
O Will Smith não pode ser activista do movimento negro estado-unidense só quando lhe apetece, do jeito às segundas, quartas e sextas-feiras e nos outros dias ficar no relaxamento?!
Em 2016, ele, sua mulher, Jada Pinkett Smith, o realizador Spike Lee não compareceram nesta mesmíssima cerimónia dos Óscares alegando que “boicotamos a cerimônia da entrega dos Óscars porque este ano só tem ator branco nomeado pela Academia” como se agora também tivesse que ter uma quota racial para talento na Academia...
Quando há brutalidade policial sobre a população negra (e olhem que eu estudei nos EUA) o Senhor Will Smith faz manifestações e lidera o movimento “Black Lives Matter” mas quando é para tirar justificação “ao vivo” num dos programas com maior audiência do mundo, com um colega de profissão (por acaso ele negro também) já não vê problema nenhum em recorrer à violência?! Acho no mínimo pouco coerente…
“Olhe para o que eu digo, não olhe para o que eu faço”. sintetiza o povo, na sua filosofia popular, a sua ciência empírica numa linguagem proverbial e eu concordo perfeitamente que se aplica, neste caso, ao Will Smith.
E se tivesse sido um ator branco a dar o tapa no indefeso e pequeno Chris Rock? Como seria? Como reagiria a comunidade “afro-americana”?
NB: Acho que não vale tudo em humor! Penso que fazer um “roast” com uma doença é absolutamente inqualificável. Contudo, o recurso à violência é, per si, um retrocesso civilizacional. Foi indigno de alguém, como ele, que defende na televisão“ que a diversidade racial é que é o verdadeiro super poder estado-unidense” vir agora agir como um Sheriff do "velho oeste"... é hipócrita!
Termino este pronunciamento me questionando se o Will Smith teria sido tão rápido a dar o tapa se se tratasse do Jason Momoa ou do Dwayne Johnson?
Mas, queria voltar ao preconceito de “gringo” sobre o que se vem (ou não) passando no Brasil em termos de insegurança...
Para quem, como eu, teve uma educação entre dois povos/continentes distintos me lembrei daquela linda letra do saudoso Gonzaguinha que retrata tão bem como o brasileiro vê a vida! Isto apesar dos inúmeros problemas e dificuldades, com que se depara na vida, ele(a) consegue encontrar sempre alegria mesmo nos momentos mais complicados.
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar (e cantar e cantar) a beleza de ser um eterno aprendiz. Ah meu Deus! Eu sei, eu sei que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita é bonita, é bonita e é bonita."
E agora sou eu que o afirmo, eu que fui educado “à europeia” e, por mais que meus pais tenham feito isso sem “mimimi”, os europeus são existencialistas. Estão o tempo todo sofrendo por algo, reivindicando algo, querendo algo.
A alegria do brasileiro, pelo contrário, transborda e transparece por onde ele passa! Além, claro, de ser algo extremamente contagiante! Um sorriso já é algo que encanta! Sorriso de brasileiro, então, aquele bem largo, sincero, descontraído, "sem vergonha" é algo inesquecível!
Nós, os brasileiros, demonstramos carinho com estranhos, abraçamos, festejamos, mesmo quando não temos tanta intimidade assim. Levamos a vida com mais leveza e os “gringos” estranham isso, não estão habituados!
Finalmente, abordo um tema do qual queria aqui falar há muito tempo – o Carnaval.
O Carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses, entre os séculos XVI e XVII, se manifestando inicialmente, por meio do Entrudo, como uma brincadeira popular. Com o passar do tempo, o Carnaval foi adquirindo outras formas de expressão, tais como o baile de máscaras. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as camadas mais pobres.
A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical com forte influência da cultura africana e do desfile das Escolas de Samba, evento que acabou sendo oficializado com apoio governamental.
E é assim que o Carnaval assumiu a sua posição de maior festa popular do Brasil.
Atendendo que me assumo (com muito orgulho, diga-se) Carioca e não sendo temática nada pacifica no seio da minha própria família, eu sou torcedor da “Mocidade Independente de Padre Miguel”, ou melhor dizendo, Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel....
Ainda, hoje, tenho no ouvido o refrão do samba-enredo do Carnaval 2018 da Mocidade Independente de Padre Miguel, com o título “Namastê...A Estrela que habita em mim saúda a que existe em você”, que foi o último desfile que eu assisti no Sambódromo da Marquês de Sapucaí (RJ).
“Theresa de Calcutá
Ó Santa Senhora, ó madre de luz
Venha para iluminar
Esse povo de Vera Cruz”
Mas, o luso tem um proverbio que diz “esta vida são dois dias e o Carnaval são três”, ou seja, este adágio português explica muito bem o conceito de Carnaval do ponto de vista cristão: o Entrudo!
Nesta semana de Carnaval se tem a sensação de se viver uma liberdade absoluta e muito desejada. Mas a questão a colocar é se somos verdadeiramente livres? No dia a dia, somos livres dentro de certos limites bem definidos. Basta sair de casa para vermos a quantidade de coisas que podemos, ou não, fazer, de hábitos, costumes sociais, regras e leis que temos que obedecer (ou que por principio deveríamos)...
O Carnaval dá-nos a verdadeira liberdade? Como a sociedade exige de nós, me parece que muita da folia carnavalesca nos faz passar de "modelos a mocinho(a)s". Isto é, como vivemos mascarados no cotidiano porque os outros nos impõem um certo tipo de liberdade e felicidade, no Carnaval, passamos para o outro extremo e colocamos outra máscara para ridicularizar esta sociedade na qual, afinal, também somos os protagonistas...
NB: Já o afirmei, aqui no blog, mas vou voltar a repetir para que não restem dúvidas:
Eu não me posiciono politicamente à esquerda! Deixo isso ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à Manuela D’Ávila, ao Guilherme Boulos, ao Marcelo Freixo, agora ao Geraldo Alckmin, ao “jovem” Zeca Dirceu, à Gleisi Hoffmann, ao Túlio Gadêlha, ao Reverendo Padre Júlio Lancellotti e a tantos outros ilustres pensadores e ativistas brasileiros. Porém também sou extraordinariamente critico em relação aquela direita babaca que não age conforme aquilo que eu entendo ser o melhor interesse da nação brasileira. Sou daquela direita brasileira, humanista, que gosta de pensar, de refletir, que se pauta por valores éticos-humanistas, que lê (lê bastante), que se preocupa com o seu semelhante e que sobretudo rejeita liminarmente a dicotomia básica e algo troglodita: quem é de esquerda é que é bom, quem é de direita é mau! Como em tudo na vida tem bom e mau em todo o lado, na politica também não é exceção!
E por isso mesmo, não posso (nem quero) deixar se salientar, a título meramente exemplificativo, o quanto são vergonhosas as assimetrias de renda existentes no Brasil. Eu não tenho absolutamente nada contra a existência de ricos (muito pelo contrário) o que eu tenho - e bastante - é contra a existência de população brasileira pobre! Ou da falta de infraestruturas essenciais públicas federais, estaduais e municipais (in)existentes no Brasil. Mas, isso serão temas a abordar em futuras crónicas...
Mas, voltando ao tema de hoje, porque, apesar desta “alegria contagiante do Carnaval” a imagem que o Brasil tem vindo a passar para o estrangeiro não tem sido a melhor e não me estou referindo não ao flagelo do SARS-CoV-2, mas sim da insegurança e da violência.
No Relatório de 2021 da Global Peace Index, divulgado a 17 de junho de 2021, o Brasil ficou classificado na 128ª posição como mais País seguro do Mundo, umas meras 6 (seis) posições atrás dos Estados Unidos que todo mundo, pelo menos o Ocidente, continua a considerar uma referência em termos de defesa "das liberdades" e que até "tem que construir muros para impedir que mais emigrantes lá entrem ilegalmente"...
Fonte: https://www.visionofhumanity.org/resources/31/03/22
De recordar que no relatório de 2020 o Brasil estava em 126º lugar, todavia os confrontos entre traficantes e fações criminosas e o aumento de homicídios que se registou em 2020 colocaram o país uma vez mais em patamares preocupantes no ranking que mede a paz no mundo, ou seja, o crime organizado e a violência mantém Brasil refém duma posição muito pouco dignificante na perceção junto da comunidade internacional e que não ajuda nem a atrair investimento estrangeiro, nem turistas ao Brasil.
De salientar que este ranking é feito a partir de uma pontuação avaliada com base em indicadores que vão da criminalidade urbana ao grau de estabilidade política.
Os investigadores internacionais levam também em linha de conta a situação económica de cada país, bem como os mecanismos de combate à corrupção, entre outros fatores, nomeadamente o desenvolvimento económico. Segundo eles, quanto menor a corrupção, maior o grau de paz naquele país. Mas, se o Brasil não está bem então o que dizer de um país poderoso e rico como os EUA?
Uma coisa eu tenho a certeza... a partir de Outubro de 2022, depois da Eleição Presidencial, tudo será melhor se Deus quiser! Pois, o Brasil e o seu povo o merecem!